sábado, 28 de novembro de 2009

Das Dores, o prazer é meu.

Das Dores, ela se apresentou. Depois de viver por toda a vida perto da menina, a nega finalmente se sentia a vontade para sussurrar seu nome. A sensação foi e sempre será indescritível. Caso venham a lhe perguntar, a menina não sabe e talvez nunca saiba descrevê-la: se é baixa, gorda, magra, alta, etc, mas ela se permitia entender das sutilezas daquela preta, das sutilezas que só a intimidade pode nos dar: a voz mansa, o coração inflado de amor, a paciência... aaah essa paciência que sempre lhe faltara..em tudo: na profissão, nas amizades, nos amores, nos estudos, na familia. A verdade é que já havia conquistado um tantão dela, mas ainda faltava, e agradecia a Deus, por ter alguém que pudesse lhe ensinar sobre isso. Por hora, isso era tudo o que podia e sabia falar da preta. Sabendo que talvez nunca consiga falar exatamente tudo o que este ser representa em sua vida, a menina passou a agradecer sua presença todos os dias ao se levantar e ao se deita, afinal, sentia que a preta estava sempre ali e aqui.

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Caetano.

(...)
vi você crescer
fiz você crescer
vi cê me fazer crescer também
pra além de mim

não, nada irá nesse mundo
apagar o desenho que temos aqui
nem o maior dos seus erros,
meus erros, remorsos, o farão sumir
vejo essas novas pessoas
que nós engendramos em nós
e de nós
nada, nem que a gente morra,
desmente o que agora
chega à minha voz.

sábado, 21 de novembro de 2009

que cor é a minha cor?

Há um tempão queria falar sobre a minha cor, sobre a minha visão.. e sobre a minha história em relação a isso.. mas nunca consegui colocar no papel tamanha complexidade.. Mas o que eu sei é que descobrir qual é a minha cor mudou a minha vida, mudou o rumo da minha história e fez com que eu me respeitasse muito mais. entendi por que me comporto ou me comportava como tal, pq quase nunca falava.. pq quase nunca me colocava. Descobrir minha cor, abriu minha cabeça para um mundo encantador e sem dúvidas colorido.
Hoje entendo que a minha história é apenas um exemplo entre zilhões de casos do racismo brasileiro.. aquele racismo velado, implicito, aquele racismo que nos cala.. que nos deixa sem saber se é ou não é.. que nos coloca questionamentos e que nos faz sentir realmente menos do que somos. Acho que o problema é dizer que todos somos iguais enquanto somos tratados diferentes ( diferente aqui eu entendo enquanto pré-conceito, falta de conhecimento). Para mim, somos todos diferentes, diferenças gritantes tanto de traços fisicos e principalmente de história de vida, de conceitos formados e de valores. E acho sim que temos que ser tratados enquanto diferentes, enquanto outra cultura, outro modo de pensar a vida contudo isso não exclui o respeito, que para mim é intriseco a todas as relações.
hoje sei que tudo é um processo(falo do meu processo).. e sobre ele conheço todos os detalhes, todas as frases implicitas, todas as expressões clássicas e impregnadas de preconceito. Acredito também que foi indispensavel passar por tudo isso, para ser o que sou hoje.
Viva a diferença ! =)

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Era uma avalanche de idéias.. ela se admirava com a capacidade de inventar e reinventar a própria história, a própria vida. e sabia: era tudo culpa do mar e da solidão que lhe batia a porta.. Ela estava orgulhosa de si mesma.. por que afinal conseguiu vencer o medo que a atormentava por mais de uma década.. era essa solidão.. era isso que insistia em perturbar seu sono.. ora, hoje se sentia protegida pelas águas salgadas.. e não temia mais nada, nada do que era novo, ou velho. sabia das suas habilidades para dizer sim ou não.. e isso tudo lhe bastava, sabia que estava pronta para o que viesse. Se sentia cada dia mais forte, mais feliz, mais consciente de suas limitações. tentava respirar fundo e exercer a fé que demorou a chegar na sua vida. e sempre que fazia este exercicio sentia o cheiro da água salgada, o vento que vinha do oceano e quase que por um segundo a mais sentia seus pés molhados e gelados.
Ah o mar, é o mar, é o mar.

sábado, 14 de novembro de 2009

Por saber que lhe faltava habilidades, pediu para a irmã, um desenho. Queria um balão e cores fortes. Tinha certeza que já havia andado de balão quando criança.. mas não sabia ao certo se era verdade ou invenção. Mas lembrava da sensação... da sensação de flutuar, de ver o mundo por cima, como se não fizesse parte dele. A palavra mais correta para descrever este sentimento é a inércia.. e era assim que se sentia nos últimos dias: não fazia parte da propria vida, saia de casa com objetivos claros, e não fazia parte deles. foi em uma dessas saídas que entendeu o que estava acontecendo. era tempo de se respeitar e de respeitar o tempo das coisas. e esse exercicio lhe fundia a cabeça. era a coisa mais dificil do mundo. ela queria era crescer mais rápido, aprender rápido, ser independente mais rapido.. era essa a batalha rotineira . mas começava a perceber que o mundo deveria dar a volta exata para que as coisas se encaixassem. e percebia também que querer que as coisas aconteçam e fazer com que elas se façam não dependia só dela.
era preciso plantar e não colher. era preciso respirar fundo.

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Acho que nasci para viver perto do mar (Parte 2)

O mar me chama todo dia, acreditam? não importa se está frio ou calor, se está chovendo ou não, ele insiste em me convidar para morar com ele (bem pretensioso). E eu, ainda me faço de difícil e penso se a nossa "vida a dois" não cairia naquela tenebrosa rotina.
Será que um dia, eu seria capaz de me cansar dele? e ele de mim? (pq é claro, é uma relação!)
não tenho respostas para essas perguntas.. e talvez só as teria se de fato me arriscasse a isto. Consigo até bolar um plano e imaginar como me sustentaria e que com certeza o encontraria todos os dias.. aiaiai. será que a vida seria melhor? também não sei, mas seria mais fresca e mais leve.
E eu ainda me faço de dificil...
Ele finalmente havia entendido que não existia mais nada entre os dois.. lembrou-se que já havia esquecido ( sem mágoa alguma) de tudo o que havia sido: os encontros as escondidas, os telefonemas, as mensagens, a expectativa, a esperança, o carinho e respeito. E assim se sentia liberto e fortalecido.
O difícil agora, era viver com o que não tinha sido, e isso talvez não fosse possível apagar: as brigas e voltas que não aconteceram, o ciúmes não declarado, o jantar a dois que não foi feito, o andar de mãos dadas, as fotos não tiradas... era isso que o mantinha naquilo que já não existia.. e que talvez só teria existido para ele...
e em relação a isso, sabia que não teria nada para fazer. e só restava então, viver.

terça-feira, 3 de novembro de 2009

eu esperei por dois anos. e foi sem nenhuma expectativa. perfeito. o mar. a reza. a lua. a companhia.
O encontro com o mar realmente me libertou. Pedi que as coisas que não fossem para ser passassem logo, pedi firmeza de cabeça e agradeci todos os dias pelos momentos únicos que insistemente me fizeram perder o folego. Foi lindo.
Pedi para ficar ali, mesmo sabendo que não seria a mesma coisa. Sabe a gente se acostuma, e acaba não vendo graça na rotina. mas eu insisti, agradeci.
Não podia ser melhor.
Exerci minha fé, me aproximei de pessoas singularmente apaixonantes e agora tenho dificuldades de voltar ao ritmo de antes. Acho que eu nasci pra viver perto do mar.